sábado, 6 de janeiro de 2018

Maranhão, a Jamaica brasileira (São Luís abre o Museu do Reggae, reconhecimento de uma influência cultural de meio século)

Um sobrado do século XVIII na Rua da Estrela, em São Luís do Maranhão, torna-se a partir de 28 de dezembro a sede do primeiro Museu do Reggae fora da Jamaica. O sobrado, fruto da expansão algodoeira do Maranhão a partir de 1755, era uma edificação que vinha sendo utilizada para fins burocráticos.


Reformada com projeto do arquiteto Eduardo Longhi, inaugurada com uma festa na praça que ladeia o prédio, a já famosa Praça do Reggae. Será uma enxurrada de bandas, radiolas, DJs, cantores, tendas de moda e acessórios, trancistas (cabeleireiros especialistas em dreadlocks e cortes afro), culinária e artesanato.

O acervo do Museu do Reggae é material e imaterial. O acervo material compõe-se de relíquias de colecionadores, parte comprada e parte doada. São discos raros de vinil, além de roupas, acessórios, gravações raras em vídeo, fotografias e outras preciosidades.
A banda pioneira Tribo de Jah, criada há 31 anos no Maranhão, doou ao museu a guitarra usada em seu primeiro show. Outra peça do acervo é a mítica radiola (sound system) de Edmilson Tomé da Costa, o Serralheiro, que era o mais antigo DJ em atividade no Brasil quando morreu, em abril, aos 70 anos, após ter ajudado a popularizar o gênero. Ele fez 17 viagens à Jamaica nos anos 1970 para garimpar discos e montou uma discoteca com 5 mil vinis.
Já o acervo imaterial é composto dos registros que documentam um caso extremado de paixão cultural: memórias em depoimentos gravados com os principais personagens da cena reggae ao longo dos tempos, livros, artigos, teses, dissertações digitalizadas.

“Será raro encontrar um único disco do acervo do museu que não seja raro. Foram todos escolhidos um a um, sob critérios de especialistas que viveram e vivem o reggae há décadas”, diz o DJ Ademar Danilo, idealizador e diretor do museu.


De todos os lugares da grande diáspora do reggae pelo mundo, São Luís do Maranhão é o mais impressionante. Não por acaso, ídolos jamaicanos como Gregory Isaacs, morto em 2010, visitaram a ilha com certa regularidade.

O reggae chegou ao estado há quase 50 anos, nos anos 1970. Desde então se enraizou tanto na terrinha que hoje é um crucial elemento da cultura contemporânea do estado, influenciando diretamente na maneira do maranhense de falar, vestir e, principalmente, dançar.
“Criamos uma maneira única de dançar, agarradinho deslizando pelo salão”, explica Danilo. “Tem reggae de classe média, em bar na praia, com banda tocando, com produção local, letra em português. É bem diversificado aqui”, diz Karla Freire, autora do livro Onde o Reggae É a Lei (2013), volume que esquadrinha a história do gênero.
“Mas uma coisa parece não mudar no reggae de São Luís: as pessoas dançam agarradas. E isso não acontece no Sudeste”, pondera Karla. O estilo maranhense parece referendar um verso de um dos reggaes mais famosos de Jimmy Cliff, aquele que diz: Reggae night/ we come together when the feelin’s right (“Noite de reggae/ a gente cola junto quando o sentimento bate”, em tradução licenciosa).
O reggae é tão grande no Maranhão que se dá ao luxo de espraiar vários segmentos diferentes. Dentro de cada um desses segmentos, analisa Ademar Danilo, surgem ídolos capazes de mobilizar legiões de fãs, de DJs com contratos disputados a cantores que gravam músicas exclusivas para radiolas, que por sua vez arrastam multidões.
Muitos nomes tornam-se mais populares nacionalmente, como a Tribo de Jah. Mas há artistas que alcançam destaque de impacto na cena local, como o maranhense Dub Brown e o jamaicano Sly Foxx, que vive em São Luís há uma década, a exemplo de outros artistas daquele país.
Foi a cena autônoma de São Luís que alimentou o reggae histórico de Gilberto Gil. Conforme ele contou a este repórter em 2010, embora tivesse conhecido o gênero em Londres, foi somente em 1973, na Praia do Calhau, na capital maranhense, que atentaria para a potência globalizante do gênero.
“Ouvi No Woman, No Cry numa barraca de praia e perguntei ao dono quem estava cantando”, lembrou. “Ele me disse que era Jimmy Cliff, um músico que eu conhecera em Londres.” Dali surgiria Não Chore Mais, a inestimável versão de Gil para o sucesso gravado primeiro por Bob Marley, em 1974.
Ao lado do casarão que abrigará o museu, a Praça do Reggae reúne milhares para dançar todas as quintas-feiras, ao som das radiolas


Assim como Gil, o DJ maranhense Joaquim Zion ouviu o reggae pela primeira vez há mais de quatro décadas, mas foi como um eco distante, em Bequimão (a 316 quilômetros de São Luís). Era 1976 e ele não teve dúvidas de que estava ali o seu futuro. Após 21 anos produzindo shows e discotecando, Zion tornou-se um dos bambas do gênero e também um expert no reggae, que vê como um veículo de afirmação racial no estado.

Karla Freire enxerga o reggae como uma cultura dinâmica no Maranhão, em constante movimento. “Novos locais abrem, antigos fecham, se reinventam.

Os tipos de reggae vão se multiplicando. Hoje tem eletrônico, roots, reggae de bandas, regravação, composições no padrão do reggae jamaicano dos anos 1970.” O que se destaca neste momento,  acentua, é o avanço feminino, cantoras como Núbia Rodrigues, de 22 anos.
Depois de décadas como expressão legitimada pelo povo, o Museu do Reggae ainda significa um reconhecimento, pelo poder público, do gênero musical como interlocutor social. “Essa é uma das grandes conquistas do movimento reggae do Maranhão.

O governo, que antes atacava através do aparato de repressão, hoje reconhece a importância do reggae para o turismo e a cultura”, diz o diretor da instituição.
Segundo o DJ Danilo, um dos motivos pelos quais o reggae fixou raízes fundas na alma do povo maranhense seria a ancestralidade comum a São Luís e Jamaica. “Grande parte das pessoas escravizadas que foram trazidas à força para cá e para lá tinha a mesma origem: o porto de São Jorge da Mina, na Costa do Ouro, hoje Gana, onde eram aprisionadas pessoas jejes, iorubás, fanti-ashantis, nagôs e de outras nações africanas”, ele afirma, concluindo que vem daí a semelhança física entre habitantes de um lugar e de outro.
“Os traficantes de escravos chamavam a todos de ‘negros Mina’, por causa do nome do porto onde eram embarcados. Por esse motivo a religião afro-maranhense se chama tambor de Mina, enquanto a religião afro-jamaicana se chama pokomina, Mina pela procedência e poko para imitar o som do tambor, poko poko poko”, teoriza.
Não há registro temporal exato da chegada do reggae ao Maranhão no início dos anos 1970. Tampouco há registro da maneira como chegou. O ritmo tocava nas radiolas que animavam as festas populares de São Luís, que já tinham o merengue, por exemplo, como combustível. Na primeira metade da década de 1980, o reggae chegou às rádios.
O primeiro programa de FM inteiramente especializado em reggae foi criado justamente por Ademar Danilo, em 1984. A partir daí pipocaram programas de reggae em rádios do Brasil inteiro. Antes do rádio, era restrito aos bairros da periferia da cidade. O rádio levou o ritmo para a cidade inteira e chegou à classe média.
O reggae maranhense tem outras especificidades. Uma delas é a prevalência do melô (ou “pedra”, como o chamam no estado) no hit parade local. Conforme explica o historiador Bruno Azevêdo, “melô é como os radioleiros e DJs de reggae passaram a batizar certas músicas, por vários motivos: esconder a verdadeira identidade de um fonograma para evitar que a concorrência tivesse acesso, homenagear alguém e também facilitar a compreensão do regueiro”.
Essa adaptação é também um dos sintomas de como o maranhense desenvolveu sua própria forma de tratar os clássicos.
Assim, o inglês do refrão de Wolf (some of them are wolves), de Lloyd Parks, acabou virando o Melô do Ademar na noite maranhense. O Melô da Valéria, o mais onipresente hit nas festas famosas da Ilha, como o Porto da Gabi, é extraído de um riff de My Mind, música gravada em 1976 por Hugh Mundell. Muitas vezes, o artista é obscuro até na terra natal, mas em São Luís é o mais tocado.
Os estreitos laços culturais entre São Luís e a Jamaica também alicerçam a chegada do Museu do Reggae. O diretor do museu viajou, com o secretário de Cultura e Turismo do estado, Diego Galdino, até a Jamaica. “Fomos falar sobre reggae para os jamaicanos”, conta. Com a intermediação da embaixada brasileira em Kingston, foram recebidos pelo Ministério da Cultura da Jamaica, que mobilizou alguns dos principais artistas, intelectuais e experts para o encontro.
“Fomos recebidos com um misto de curiosidade e simpatia. Entre os artistas que foram nos ouvir estavam Jimmy Cliff, Ken Boothe e Ibo Cooper, da banda Third World, entre outros”, conta o diretor. Ganharam uma chancela inédita.
Além de acordos com museus e casas de cultura públicas e privadas de Kingston, o museu brasileiro acertou empréstimos dos acervos do Museu Bob Marley, do Museu Peter Tosh e do Museu da Música da Jamaica. “E em breve teremos uma exposição temporária do Museu Bob Marley”, festeja Danilo.

por Jotabê Medeiros 

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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Tom Zé se encontra com Lee Perry, mestre jamaicano do dub, em single do Digitaldubs


Coube a um grupo carioca de sound system, Digitaldubs, promover o encontro inédito e inusitado de Tom Zé, baiano tropicalista que ama São Paulo, com Lee Scratch Perry, mestre jamaicano do dub, a vertente psicodélica do reggae. O encontro acontece em single do Digitaldubs, Estudando o dub, programado para chegar amanhã, 15 de dezembro de 2017, nas plataformas digitais.
Quem imaginou o encontro, e correu atrás para viabilizá-lo, foi Marcus MPC, DJ e produtor do Digitaldubs. É que a gravação de Estudando o dub nasceu a partir de Toc, uma das experimentais composições de Tom Zé, gravada originalmente em um dos álbuns mais importantes e cultuados da discografia do artista, Estudando o samba (1976), lançado há 41 anos.
Capa do single Estudando o dub (Foto: Divulgação)
A ideia de Marcus foi trazer Toc para o universo do dub. Mas com os vocais de Tom Zé e de Lee Scratch Perry, ambos atualmente com coincidentes 81 anos. Em 2015, aproveitando show feito por Perry na cidade de São Paulo (SP) e aberto pelo Digitaldubs, o produtor convenceu o artista jamaicano a gravar um vocal para a faixa. Um ano depois, em 2016, foi a vez de Tom Zé – visto ao alto em foto de André Conti – pôr voz na gravação produzida por Marcus. O resultado é Estudando o dub, cuja letra gravita em torno da frase "open the door / abra a porta", espécie de mantra para a percepção das oportunidades que surgem.
Estudando o dub sai em single simultaneamente com clipe. Para 2018, está prevista edição de LP com outras versões em dub da gravação.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Confissões de Bill Oxley, O Agente da CIA Que Matou Bob Marley

Bill Oxley - um agente aposentado de 79 anos da CIA revelado confissões muito impressionantes em seu leito de morte. Um deles é "Eu matei Bob Marley". A confissão aconteceu no Mercy Hospital no estado do Maine na segunda-feira, depois que o oficial foi informado que ele só tem algumas semanas na terra. Outras confissões incluíram a reivindicação de ter cometido dezassete (17) assassinatos por conta da América entre 1974 e 1985


29 anos como Agente da CIA

Sr.Oxley, um agente com uma autorização de segurança de alto nível é um sniper e atirador perito. Ele também é muito bem versado em outros tipos de formas de matar nomeadamente venenos, explosivos, ataques cardíacos induzidos e câncer. Seus conjuntos de habilidades colocaram-no na posição de cima para ser usado como um assassino por parte da organização visando indivíduos que poderiam ou estavam representando algum tipo de ameaça.

Os Assassinatos

Março de 1974 a agosto de 1985, o período de seus assassinatos durante os quais ele fazia parte de uma unidade de operação composta por três (3) outros assassinos como ele. O objetivo da referida unidade era realizar assassinatos políticos em todo o país bem como em países estrangeiros. E assim, assassinatos foram realizados em indivíduos de diferentes origens, ativistas políticos, pesquisadores médicos, artistas e músicos cujas ideias e influências “representaram uma ameaça para os interesses dos Estados Unidos” revelam o aposentado.

Bob Marley

Robert Nesta “Bob” Marley, (6 de fevereiro de 1945 – 11 de maio de 1981) foi um cantor e compositor Jamaicano que se tornou um ícone musical e cultural internacional, misturando principalmente reggae, ska e rocksteady em suas composições.
Não tive nenhum problema em fazer o assassinato de Bob Marley porque eu era patriota, acreditava na CIA, e não questionei a motivação da agência. Eu sempre entendi que, às vezes, os sacrifícios devem ser feitos para o bem maior.



O Sr.Oxley também confessou que Bob Marley era único entre suas vítimas porque ele era um “homem bom, uma linda alma” com “presentes artísticos profundos” que não mereciam morrer tão cedo. No entanto, o lendário cantor Jamaicano foi um enorme obstáculo aos olhos da CIA, ameaçando assim a istência dos Estados Unidos.

“Ele estava conseguindo criar uma revolução que usava a música como uma ferramenta mais poderosa do que balas e bombas. Bob Marley em 1976 foi uma ameaça muito séria para o status quo global e para os controladores do poder escondidos implementando seus planos para uma nova ordem mundial. No que diz respeito à agência, Bob Marley foi muito bem-sucedido, muito famoso, muito influente … Um Rastata Jamaicano que começou a usar seus fundos e fama para apoiar causas em todo o mundo que estavam em conflito direto com a CIA … Para ser sincero, ele assinou seu próprio mandado de morte “.

Não é como se não o avisássemos. Nós enviamos alguns caras para atirar em sua casa em Kingston “, diz Oxley, referindo-se a um tiroteio na residência de Marley que deixou o cantor com um braço e peito feridos. “Tivemos uma mensagem para ele. Nós o fizemos entender a gravidade da situação em que ele se encontrava. Ele não ouviu. ”

Como Aconteceu O Assassinato

Dois dias depois que Bob Marley foi baleado no braço esquerdo por um dos três homens atiradores que emboscaram o cantor e alguns membros da sua tripulação em sua casa em Kingston, e depois de um breve período no hospital, Bob Marley viajou para as colinas protetoras das Blue Mountains e passou o tempo no ponto mais alto da Jamaica, ensaiando para um próximo show.
De acordo com o Sr. Oxley, ele usou credenciais de imprensa para obter acesso a Bob Marley durante seu retiro para as Blue Mountains. Ele se apresentou como um fotógrafo famoso trabalhando para o New York Times, e deu um presente para Bob Marley.

“Eu dei-lhe um par de Converse All Stars. Tamanho 10. Quando ele tentou andar o sapato direito, ele gritou ‘OUUUCH’.
“Foi isso. Sua vida acabou ali mesmo. O prego que estava no sapato estivesse impregnado de vírus e bactérias cancerígenas. Se percorresse a pele, o que fazia, era boa noite enfermeira “.
“Houve uma série de assassinatos de alto perfil de figuras de contracultura nos Estados Unidos no final dos anos sessenta, início dos anos setenta. Quando o tempo de Bob Marley apareceu, achamos que a sutileza era a ordem do dia. Não há mais balas e cérebros salpicados “.
O Sr. Oxley diz que manteve um contato próximo com Marley durante os últimos anos de sua vida, garantindo o dispositivo médico que recebeu em Paris, Londres e Estados Unidos “aceleraria sua morte em vez de curá-lo.” Ele morreu de câncer em Maio de 1981 . Ele tinha apenas 36 anos de idade.
“A última vez que vi Bob antes de morrer, ele havia removido os dreadlocks, e seu peso caiu como uma pedra”, diz ele.
“Ele foi muito retirado, incrivelmente pequeno. Ele estava encolhendo na nossa frente. O câncer havia feito seu trabalho “.
“O dia em que ele morreu em Miami foi definitivamente um dos momentos mais difíceis da minha carreira. Eu me senti muito mal. Durante muito tempo, não estava confortável excom a minha parte na morte dele. Mas, eventualmente, cheguei a perceber que tinha que ser feito, para a América “.
Fonte: https://stessmagazine.com

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Cidade Verde Sounds lança novo álbum 'UM DO12', o quarto da carreira (Disco conta com as participações de Caio Nog, Nissin e Pelé Mil Flows)

O grupo de reggae Cidade Verde Sounds, formado por Adonai e Dub Mastor, lançou na última quarta-feira (15/11), o novo álbum, intitulado UM DO12. O trabalho conta com as participações de cantores conhecidos dos cenários hip-hop e reggae do Brasil, como Caio Nog (Costa Gold), Nissin (Oriente), Pelé Mil Flows (1 Kilo), Hélio Bentes (Ponto de Equilíbrio) e Dada Yute (ex-Leões de Israel), além dos DJs Coala e Caíque. 

UM DO12 é o quarto álbum de Adonai e Dub Mastor, sucessor de O jogo (2015). O disco apresenta vários estilos, além da reggae music, como o hip-hop, o dancehall e o R&B. A arte da capa do material foi assinada pelo design Ricardo Fernandes, responsável por trabalhos de artistas, como Criolo, Nação Zumbi e Black Alien.

No canal oficial do YouTube, a banda disponibilizou cinco faixas do disco, sendo quatro com clipes,Firme, HipócritasReggae music e Cês qué flow



Confira a setlist do álbum

1 - Eu sei
2 - Pressão
3 - Firme
4 - Ruim de pegar
5 - Meu espírito boa - feat Nissin (Oriente) e Pelé Mil Flows (1 Kilo)
6 - Treta
7 - Cês qué flow - feat. Caio Nog (Costa Gold)
8 - 50 graus
9 - Hipócritas
10 - Guerreiro viajante
11 - Listas
12 - Barulho do mar
13 - Reggae music feat. Hélio Bentes (Ponto de Equilíbrio) e Dada Yute