Reformada com projeto do arquiteto Eduardo Longhi, inaugurada com uma festa na praça que ladeia o prédio, a já famosa Praça do Reggae. Será uma enxurrada de bandas, radiolas, DJs, cantores, tendas de moda e acessórios, trancistas (cabeleireiros especialistas em dreadlocks e cortes afro), culinária e artesanato.
O acervo do Museu do Reggae é material e imaterial. O acervo material compõe-se de relíquias de colecionadores, parte comprada e parte doada. São discos raros de vinil, além de roupas, acessórios, gravações raras em vídeo, fotografias e outras preciosidades.
A banda pioneira Tribo de Jah, criada há 31 anos no Maranhão, doou ao museu a guitarra usada em seu primeiro show. Outra peça do acervo é a mítica radiola (sound system) de Edmilson Tomé da Costa, o Serralheiro, que era o mais antigo DJ em atividade no Brasil quando morreu, em abril, aos 70 anos, após ter ajudado a popularizar o gênero. Ele fez 17 viagens à Jamaica nos anos 1970 para garimpar discos e montou uma discoteca com 5 mil vinis.
Já o acervo imaterial é composto dos registros que documentam um caso extremado de paixão cultural: memórias em depoimentos gravados com os principais personagens da cena reggae ao longo dos tempos, livros, artigos, teses, dissertações digitalizadas.
“Será raro encontrar um único disco do acervo do museu que não seja raro. Foram todos escolhidos um a um, sob critérios de especialistas que viveram e vivem o reggae há décadas”, diz o DJ Ademar Danilo, idealizador e diretor do museu.
De todos os lugares da grande diáspora do reggae pelo mundo, São Luís do Maranhão é o mais impressionante. Não por acaso, ídolos jamaicanos como Gregory Isaacs, morto em 2010, visitaram a ilha com certa regularidade.
O reggae chegou ao estado há quase 50 anos, nos anos 1970. Desde então se enraizou tanto na terrinha que hoje é um crucial elemento da cultura contemporânea do estado, influenciando diretamente na maneira do maranhense de falar, vestir e, principalmente, dançar.
“Criamos uma maneira única de dançar, agarradinho deslizando pelo salão”, explica Danilo. “Tem reggae de classe média, em bar na praia, com banda tocando, com produção local, letra em português. É bem diversificado aqui”, diz Karla Freire, autora do livro Onde o Reggae É a Lei (2013), volume que esquadrinha a história do gênero.
“Mas uma coisa parece não mudar no reggae de São Luís: as pessoas dançam agarradas. E isso não acontece no Sudeste”, pondera Karla. O estilo maranhense parece referendar um verso de um dos reggaes mais famosos de Jimmy Cliff, aquele que diz: Reggae night/ we come together when the feelin’s right (“Noite de reggae/ a gente cola junto quando o sentimento bate”, em tradução licenciosa).
O reggae é tão grande no Maranhão que se dá ao luxo de espraiar vários segmentos diferentes. Dentro de cada um desses segmentos, analisa Ademar Danilo, surgem ídolos capazes de mobilizar legiões de fãs, de DJs com contratos disputados a cantores que gravam músicas exclusivas para radiolas, que por sua vez arrastam multidões.
Muitos nomes tornam-se mais populares nacionalmente, como a Tribo de Jah. Mas há artistas que alcançam destaque de impacto na cena local, como o maranhense Dub Brown e o jamaicano Sly Foxx, que vive em São Luís há uma década, a exemplo de outros artistas daquele país.
Foi a cena autônoma de São Luís que alimentou o reggae histórico de Gilberto Gil. Conforme ele contou a este repórter em 2010, embora tivesse conhecido o gênero em Londres, foi somente em 1973, na Praia do Calhau, na capital maranhense, que atentaria para a potência globalizante do gênero.
“Ouvi No Woman, No Cry numa barraca de praia e perguntei ao dono quem estava cantando”, lembrou. “Ele me disse que era Jimmy Cliff, um músico que eu conhecera em Londres.” Dali surgiria Não Chore Mais, a inestimável versão de Gil para o sucesso gravado primeiro por Bob Marley, em 1974.
“Criamos uma maneira única de dançar, agarradinho deslizando pelo salão”, explica Danilo. “Tem reggae de classe média, em bar na praia, com banda tocando, com produção local, letra em português. É bem diversificado aqui”, diz Karla Freire, autora do livro Onde o Reggae É a Lei (2013), volume que esquadrinha a história do gênero.
“Mas uma coisa parece não mudar no reggae de São Luís: as pessoas dançam agarradas. E isso não acontece no Sudeste”, pondera Karla. O estilo maranhense parece referendar um verso de um dos reggaes mais famosos de Jimmy Cliff, aquele que diz: Reggae night/ we come together when the feelin’s right (“Noite de reggae/ a gente cola junto quando o sentimento bate”, em tradução licenciosa).
O reggae é tão grande no Maranhão que se dá ao luxo de espraiar vários segmentos diferentes. Dentro de cada um desses segmentos, analisa Ademar Danilo, surgem ídolos capazes de mobilizar legiões de fãs, de DJs com contratos disputados a cantores que gravam músicas exclusivas para radiolas, que por sua vez arrastam multidões.
Muitos nomes tornam-se mais populares nacionalmente, como a Tribo de Jah. Mas há artistas que alcançam destaque de impacto na cena local, como o maranhense Dub Brown e o jamaicano Sly Foxx, que vive em São Luís há uma década, a exemplo de outros artistas daquele país.
Foi a cena autônoma de São Luís que alimentou o reggae histórico de Gilberto Gil. Conforme ele contou a este repórter em 2010, embora tivesse conhecido o gênero em Londres, foi somente em 1973, na Praia do Calhau, na capital maranhense, que atentaria para a potência globalizante do gênero.
“Ouvi No Woman, No Cry numa barraca de praia e perguntei ao dono quem estava cantando”, lembrou. “Ele me disse que era Jimmy Cliff, um músico que eu conhecera em Londres.” Dali surgiria Não Chore Mais, a inestimável versão de Gil para o sucesso gravado primeiro por Bob Marley, em 1974.